quinta-feira, 14 de abril de 2016

na ponte da perversão
pálpebras de peixes coagulam
contra a obliquidade das algas
que escorregam da dureza
dos teus lábios
que em vão salpico
... de carícias
é pelo silêncio que vou
buscando a lucidez no desequilíbrio
vocalizando a música áspera
das abelhas em agonia
- cânticos profanos de resistência

é no silêncio  que me reencontro
sublimando palavras suspensas,

amarrotadas na acidez grave
da ausência

quinta-feira, 31 de março de 2016

esventrado o corpo da vírgula
expõe a insanidade da espera:
- estilhaços de pensamentos
infinitamente ressurgem
atormentando a mente,
enlouquecendo-a

reencontro- me com os ossos
das palavras essenciais
- restos de mim

memórias deglutidas
com disfagia

quarta-feira, 23 de março de 2016

21 de março

as pedras balbuciam palavras de ausência
em ebulição e revolta
no fundo de uma taça revejo o Universo
- fissuras convergem irremediavelmente num grito
que se dissipa no absurdo
da morte