sábado, 11 de agosto de 2007

tatuagem

aguardo
a imprevisivel liquefacção
dos corpos entardecidos

a desintegração das mãos abauladas
no crepúsculo

anseio a hora em que desponta
o apelo tangencial dos lábios
para sofregamente tatuar
o plasma primordial
mais inacessível da tua pele

ficaram por dizer

nos meus sonhos
ficaram por dizer
as últimas palavras da incerteza,
o chá, o ocre, o sabre,
o porvir da nossa infância...

neste caminho circular
escolhi o canto mais oblíquo
- junto ao mar...

não é aqui

não é aqui que moro
nem nas secretas escarpas
onde vomitam os corvos

escolhi a fragilidade nocturna das estrelas
o anis húmido do teu sangue
o limbo vertiginoso das asas

para onde partiremos esta noite...

renuncio

despenteio papoilas presumidas
vermelho escorrido em saltos altos
renuncio à lucidez das pétalas
à acidez essencial
do pólen
veneno subcutâneo insinuando
a pele entreaberta
nos poros de malentendidos

renuncio à verdade

renuncio à verdade da cal
no frio dos tornozelos