terça-feira, 14 de julho de 2015

rsklnkv1

nos sulcos das mãos edifiquei
memórias de outrora
reservei-te o coaxar das rãs,
o estridor do vento na garganta dos poços,
a lentidão das águas lamacentas
no fim do verão

incendiaste o meu amor
na pele da madrugada
e havia tantos dias para viver

Hoje
com o teu desdém
atiraste-me para as garras da noite

Haverá dias mais cruéis?

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Ontem esperei por ti
em desalinho
nos beijos trazia a ânsia da
ausência

improvisada
de véspera
hoje servi-te palavras arcaicas
com cerimónia
e cortesia
- sem sentimento

é assim a distância:
- perfeita, límpida,
à esquadria,
rectilínea, asséptica
milimetricamente concebida
- presença sem sentido algum

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Rsklnkv2

procuro-te incessantemente
na pele das palavras
as mesmas, sempre as mesmas
as que trago comigo desde a infância
- as primeiras
tu, só tu sabes quais são
decifrámo-las juntos no peito da madrugada
de um dia de verão como este
que não terminou
porque não chegaste

procuro-te incessantemente
na pele das palavras
as mesmas, sempre as mesmas
trago-te comigo desde a infância
- os dedos entrelaçados nos teus

e era verão